quarta-feira, 15 de abril de 2009

Bulgug-Sá

Eu nunca vou esquecer Bulgug-Sá.
Numa pequena ladeira que aos poucos se vence, cercada de hoteis típicos que insistem na lembrança de que se está na Asia, se inicia a festa. Um certo mistério pouco a pouco irrompe, assalta, nos toma por inteiro. Agora na clareira que se abre, no alto, alargam-se tambem as fronteiras da alma e se tenta captar tudo que chega e vem: o vento no pinheiral,um riso de criança, os tufos de folhagem, o sicômoro vermelho, o lago tranquilo num remanso do rio, uma ponte no meio do caminho,a agua que cai, marulhando, encontrando resposta e eco, lá dentro da gente.
Agora é o silêncio, a sombra, a quietude. Pode-se chegar que o espírito já reza. Eis Bulgug- Sá, o templo. Um dos mais antigos santuários budistas que existem na Coreia
...Solene o momento, ninguem ousa falar. Só o silêncio dá a medida da grandeza do instante.Admira-se a beleza, a exaltação arrepia a sensibilidade e o espírito se dobra ante o mistério, fascinado.Quando deixei Bulgug-Sá, anoitecia. Em mim a certeza de nunca mais tornar, e a convicção de ter provado, nele, em Bulgug-Sá, um pouco da eternidade.
(trecho do livro "Recado dos Ipês)

Um comentário:

  1. Amigos- A cada dia, das minhas crônicas, deixarei aqui, para vocês, um pequeno trecho.Assim, desta tribuna,darei um leve aceno, num desejo de comunicação.

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